Quando eu morrer
Me ponham debaixo da terra com passeatas pela paz em camisetas com meu rosto e silêncio.
Quando eu morrer
De tráfego
De cimento
De cinza de poluição visual
Intoxicada pela megalópole-correria onde o dia tem a metade do tempo,
Vocês vão saber que eu amei
As pessoas que assumem não enxergar um palmo a frente de si.
Os tantos rostos que passam despercebidos sempre.
Que eu amei a verdade explícita em cada prédio pós-moderno superlotado.
Porque mais vale o emparedamento metropolitano à inércia do canto dos pássaros escondendo tanto julgamento.
À cordialidade querendo vos ver às costas.
À paciência só servindo à perda de tempo em falatórios especulativos e falsos.
À inocência ridícula fingindo não ver em nome de ideais inúteis.
Quando eu morrer há de ser lá.
Porque onde não há fumaça, morre-se de inveja.
Onde não há esgoto, tóxica é a mentira.
Porque a única coisa que corre sobre o planalto provinciano é a arrogancia e a falsidade.
[11.11.2208]
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