segunda-feira, 22 de setembro de 2014

LUZES CURO

... de dia
todo dia
LUZ
sou martelo
sou adulto
desdobro
dia todo
- cansa...

... de noite
meia-noite
ESCURO
sou sorriso
escorregadio
tudo dança
viro abóbora
voo criança...

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Palavras mudas escritas escondidas para não serem ditas

A poeta e a profeta se encontraram para parafrasear.
Sobre as suras e os salmos versa a poeta
enquanto
sobre o ranço da alma secreta a profeta versa.

Vice-versa.

Na conversa
vice-Deusa, a profeta encaminha a mensagem
enquanto
versa a poeta sobre a dança, à distância
- da poeta e da profeta -
separadas pelo abissal de duas consoantes
seus sons
seus compassos
pulsos e repousos
co(n)versam.

A onda da linha do limite que as liga vibra a vida dessa dança.

A poeta e a profeta parafrasearam
pausadamente
a poesia da sua dança à distância;
desenharam
mentalmente, mas
com a linha de uma caligrafia ímpar em cada pé
a profecia-partitura impressa na pauta
impresso um conto, ponto-a-ponto,
compasso diminuto
A valsa, enfim.

Do lento da linha, do lado do passo, da pressa da partitura
de cada compasso composto
complexo
de cada cacofonia
a poeta e a profecia parafrasearam
a palavra, a fenda e a poesia.