terça-feira, 8 de maio de 2012

[sem título]

Eras mulher de si. Pensaras.
Eras dona de si. Pensaras.
Eras dos teus caminhos,
pensaras.
Desconstruidamente denegrida
num elogio eloquente às avessas.

E o que miro pairando no rio?
Imensas-densas-nuvens-brancas



Achou-se só nuance de si,
sobrou-se somente núbil.
Consentidamente enevoada
já não há Mulher,
mas a longínqua latência esquecida.

E o que miro pairando no rio?
Imensas-densas-nuvens-brancas



Neste sempre,
Que rompe o tempo,
.
E sobrou-se somente ruídos
Ranger os dentes de olhos nublados
Errantes mãos que não sabiam procurar.

E o que miro pairando no rio?
Imensas-densas-nuvens-brancas



É esse o resultado chapiscado
Da aspereza nubígena
Do submeter a cada pai.
Cada filho.
De cada mãe ex-fumaçada, também domada.

E o que miro pairando no rio?
Imensas-densas-nuvens-brancas



Inverter-te e te ninar.
Inverter-te e te contar.
Invertida, sorrir segurança.
Eu queria, invertida, investir,
de cima do meu saber alvorecido,

Mas o que miro pairando no rio?
Imensas-densas-nuvens-brancas.

segunda-feira, 26 de março de 2012

mais covardia

ativamente convencida
a passiva ação afasta a fenda.
Afasta, afasta:
inventa um vão e esvazia.

Sobrando só a corda
que segura.

Boininha vermelha

Saiu de bicicleta porque quem anda de carro é azul e amarelo e ele, bem vermelho, jamais renderia suas duas rodas por quarto.
Na cestinha, além da foice do machado, levava também uns cupcakes e coca-cola; afinal, 12 não é 17 e a KGB já não tem toda aquela bola.
Ia pela estrada a fora, bem sozinho, bem vermelho quando ouviu o uivo da luz amarela do farol de milha atrás de si: cresceu, cresCEU, CRESCEU.

Escureceu.

E tudo ficou leve.
a bicicleta
a cestinha
a foice
o machado e os cupcakes.

Quanto mais leve ficava, mais de perto via o Sol e o Céu. O amarelo e o azul.

O analfabeto escreve vento

Quando abriu a porta, parado na soleira quase despercebido, sentou e viu a aula; invisível. No fim, afastou-se para que saíssem deixando o quadro atrás cheio de poeira branca organizada. Dessa vez não usaria o pano, assopraria devagar para que pudesse ver por mais tempo a organização da poeria branca que ficava.