terça-feira, 18 de agosto de 2015

pelos trinta
trinta vezes
estampados
em cada dobra
do olho
amarrotado

pela falta de tempo
no meio da cara
da vergonha que passa
da vergonha que voa
enquanto
trinta lembranças
se desfazem
me refazem
na fumaça
da coragem

O porto de Yafa

Palestina Ocupada

a luz
que ofusca
o Porto
ocupa
o porto
restaurado
ENQUANTO
o restaurante
que janta gente
ofusca
o Porto
Ocupado
ENQUANTO
o Porto
segue urgente
sem água
nem luz
Ofuscado.

sábado, 15 de agosto de 2015

antes tivesse perdido
as festas de São João
dormindo

mas o fogo do santo
queimando o feijão
enchendo de fuligem
o chão
me mantinha abertos
os olhos
secos sem sono
ou sonhos

mesmo menina
os fios das bandeirinhas
não me mostravam mais
que meu varal
onde, pendurado, o avental
pingava

Profundamente.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

fitei encantada
um pássaro
pousado
no poste
da esquina

descansava

ousado
um bom tempo
passou
pousado
no poste
aquele pássaro
parado
no tempo

fugiu dos fios
velozes
do telefone
e da televisão
insone

fugiu do curto circuito
que a vida
percorre correndo

fugiu da matéria
da energia
e do espaço

- Fugiu do Tempo

aquele pássaro
que podia voar
no poste
pousado
passou
silencioso
um tempo
parado
fitando encantado
o meu descansar

hoje navego
amanhã vivo
alterno
porque impreciso
todo dia
tem o trem inexorável

- o trem da travessia
que me rasga
correndo

no centro
e na periferia