quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Catatonia

Eu não sei onde estão os meus livros de poesia. Eles ditam as regras das rimas, os ritmos e os rumos das frases nos versos que faço. Mas agora, não sei onde estão os meus livros de poesia.
Às vezes, sem os livros, ouço as vozes dos versos sussurrando no meu silêncio e esses são momentos raros. Agora não é um momento. Os meus livros de poesia se perderam na bagunça organizada do meu dia.

abro a porta pela manhã
abro um e-mail da Professora Emeline de Castro
abro Drummond na tela
abro a Folha
o e-mail
o poema
a notícia
o e-mail
a notícia
o email
o poema
a notícia
o e-mail
o e-mail
o e-mail, o e-mail, o e-mail
fecho a porta ao fim do dia
e os meus livros de poesia

- Não estão lá.