quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Ato I - Antes do ato (des)atinado

Atrás da coxia
pela fenda o olhar da Lua
a menina
com a mãe
nasce

nasce frágil, crua
da mão da mãe
a culpa
das duas
primeira pitada
de menina nua.
depois
panela
agulha

pernas fechadas
embaixo
da saias

No camarim
mirim ensaia:
o olhar languido
o silêncio
o sorriso
uma língua alheia
agora, sua.

- Respira.
Repassa o suspiro
Repassa a recusa
Repassa a saia - curta
Repassa, passiva
- Respira.

- Abre-se às cortinas.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Assédio

Cercada de porcos, com olhos de porcos mirando exaltados meu sexo cego
Vai ver viu
o que não devia.

Cercada de porcos, com focinhos de porcos, farejando molhados meu sexo seco
Vai ver viu
uma canela do século XXI

- Piada?

Cercada de porcos com patas
bifurcadas
em cujo meio
- se encaixam seus paus masturbáveis e o meu sexo alheio -
desapropriado de mim.

Assim, o porco chafurda onde afoga-me a culpa

mea culpa:

Porque vim assim?!?
porque trouxe comigo
apenas
pernas-tetas-barriga
porque as trouxe com a buceta,
ao metrô, à escola, ao trabalho?!?

é o CARALHO!

Cercada de porcos por todos os lados.