pela fresta da pálpebra
vejo a FENDA
fecho o olho
e o rosto todo
vira língua
FESTA
despejo meu desejo
no desejo que vejo
beijo
a fenda que se mostra
em elipses
se molha
em eclipses
se curva
e turva
se oferece
a-fenda-aberta-a-fenda-fechada
PULSA no LÁBIO
uma
LAMBIDA
.
uma
LAMBADA
de
LÍNGUA
.
uma
MORDIDA
e a fenda
vibrante
já se funde
INUNDADA
[a língua que lambe laceia linha do limite, essa safada]
a fenda aperta
contrai e solta
contrai e solta
elétrica, percorre em trilha
a PERNA
a BARRIGA
e a VIRILHA
agarra
arranca ranhuras
e de saída,
explode a mão na parede
EPLEPSIA
de braços
de bruços
aos soluços roucos
aos trancos
ENXURRADA
E a fenda, chocada, entumece
incha e se fecha num casulo
de coxas
[engole minha língua e já não vejo nada]
e a fenda fenece exausta
vejo agora pela fresta
uma pausa, um beijo
e não é o fim da festa
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