uma mulher
carrega consigo um segredo
um degredo
numa cela
solitária
escondido no canto
dos lábios do sorriso
e como um saco de pecados
mal criados
dependurados
das pálpebras
pelas esquinas
de manhã
- Esse ônibus desce a Brigadeiro até o... 683?
no horário de verão
quando a memória
se dissipa
no sol que desce
as mulheres carregam
seus segredos
à luz do dia
até mais tarde
pelas veias
da cidade
à noite
colocam seus segredos
pra dormir mais
cedo
e tentam sair
de si
mas os segredos
seguram
sussurram cada segundo
nos copos de bebida
nos salmos do culto
em cada encontro
tropeçam em si
ao sair
e não se livram
na madrugada
retornam
escondidas como o cenário
da cela
uma cena de fundo
na sombra
Retorno.
afago meu segredo
no silêncio do escuro
o degredo
desse caminho
no contorno dos muros
que a sarjeta sugere
já sem medo
No horário de verão
quando amanhece antes do sol
meu segredo acorda
sem despertador
calça suas próprias sandálias
e banha-se sem mim
o segredo está
pronto para o trabalho
parado na porta
me esperando passar
(25.outubro.16
28.janeiro.17
4fevereiro17)
Nenhum comentário:
Postar um comentário